Hoje esteve muito calor, por isso o meu passeio diário limitou-se ao jardim traseiro da pensão. Freeesquinho!...
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Hoje, depois do almoço, fui com a minha mãe a um outro jardim, aqui perto - o Jardim da Sereia, no Parque de Santa Cruz. Muito bonito! Ora vejam lá se não é verdade... quarta-feira, 30 de março de 2011
Hoje fui de carrinho, com a minha mãe, até ao Jardim Botânico. Vejam algumas fotografias... 29 de março de 2011 Acordei cedinho, com luvas nas mãos, claro, e com os olhos tapados! Querem ver que já me tramaram outra vez? Mas não, subi a ligadura para cima e lá vi alguma coisa. Mas a peste estava sempre a descer, sempre a escorregar pela minha cabeça abaixo, tapando-me a vista. Eu empurrava para cima, ela descia ainda mais... até que caiu toda de uma vez - ficou dependurada no meu pescoço! Os meus pais assistiram ao filme, mas desta vez perceberam que eu até estava a tentar pô-la no sítio, mas ela é que caía sempre para baixo. Isso não evitou de ficarem aflitos... e ligarem lá para o Hospital (dos Covões), onde uma sra. enfermeira lhes disse que não havia problema, que se quiséssemos poderíamos colocar uma compressa, ou um gorro, simplesmente, ou que garantíssemos apenas que ele não lá punha aos mãos. Ufa, suspiraram de alívio e decidiram que, tendo em conta que nenhuma compressa iria ficar na minha cabeça por mais de 5 minutos, o melhor mesmo era deixar assim ao ar livre, pondo apenas a capucho do casaco a cobrir e, claro, a tala no meu braço direito!!! Assim fizeram, e eu livrei-me de uma vez por todas daquele estorvo na minha rica cabecinha. Depois do almoço, o meu querido papá foi-se embora... para a Madeira! Já tenho saudades... segunda, 28 de março de 2011
Hoje, a minha tia Guida foi-se embora. Fiquei triste… Antes disso, ainda me levaram para a sala de enfermagem para me mudarem o penso. Chorei e esperneei por me estarem a prender, como de costume. Mas lá passou, ao menos não me picaram as veias! Depois fiquei a tarde toda à espera que a sra. Doutora me desse alta… e os papéis tardaram em chegar. Só chegaram à noite, vejam lá! Pior que isso foi saber que teria que ficar cá por Coimbra por mais uma semana, isto porque a equipa de médicos não me deixa viajar de avião até me tirarem os pontos. Feios! Depois, fui com os meus pais para a pensão onde costumamos ficar. Deram-me uma banhoca, como de costume, um leitinho e caminha. Dei umas voltas na cama mas lá adormeci. Ufa... já estava farto do Hospital! Como não há berço para mim, durmo na cama com a minha mãe. Hum, que quentinho! Bem... esta ainda não é a minha casa, mas sempre não é o Hospital, cheio de ameaças de bata branca! domingo, 27 de março de 2011
Domingo: o sossego neste Hospital. A mãe e a tia Guida chegaram cedinho, tanto que eu ainda dormia, depois de uma noite sossegada sem palas, “apenas” com luvas e fita adesiva a prender. Mas hoje tenho umas coisinhas aqui para esclarecer convosco. Bem sabem que já me chamaram de “enguia”, “terrorista”, “terror” e “reguila”. Mas não sabem vocês que muitas mais vezes já me chamaram de “simpático”, “bem-disposto” e "comilão"! Ora bem, se achavam que eu era apenas um irrequieto espertalhão, muito se enganaram. Fica desde já aqui esclarecido. Na hora do almoço, o meu pai desceu para o refeitório para almoçar, e a minha mãe ficou comigo. Depois ele veio e foi ela, junto com a minha tia. Eles não podem almoçar/jantar comigo e, como são acompanhantes, vão comer ao refeitório. A minha mãe leva uma senha e não paga nada pois, como é dadora de sangue, fica isenta. O meu pai paga o almoço dele. Já percebi que a minha estadia por aqui está a terminar… Vou ver se me porto bem para não fazer estragos e poder sair na data prevista (segunda-feira, sete dias depois…). Assim sendo, vou aproveitar para agradecer a todas as sras. enfermeiras e respectivas auxiliares que cuidaram de mim, sempre com um sorriso simpático apesar das minhas traquinices. Deixo, igualmente, um beijinho aos meus vizinhos desta ala que me vieram visitar ao quarto ou que, pelo corredor, meteram conversa comigo. Agradeço também aos meus papás que tiveram que me acompanhar... que choraram e sorriram comigo! Obrigado a todos! sábado, 26 de março de 2011
Lembram-se que o sr. Doutor tinha dado a ideia de me colocarem luvas nas mãos? Então não foi isso mesmo que os meus pais fizeram, aqueles traidores?! Lá andei com aquilo… À noite, quando o meu pai fingia que dormia, eu tirei aquilo tudo outra vez mas ele viu-me logo e voltou a pôr. Hoje, tendo em conta que eu já tinha arranjado maneira de fazer a tala escorregar pelo meu braço abaixo, a minha mãe teve a ideia genial de me colocar uma fita adesiva a colar a tala às mangas do meu pijama. É só ideias, esta gente… Mas eu mostrei-lhes, ainda assim, que se não conseguia fazer a tala escorregar pelo braço abaixo, sempre podia desapertar os laços das fitas que a prendem à volta do braço. Lá veio a minha mãe com mais uma ideia: cobrir os laços das fitas com fita adesiva, também. Até a tia Margarida ajudou ela a executar a tarefa. Ai tia, e eu a pensar que vinhas do Algarve para me salvar… Enfim, o que te vale é que levaste-me a passear pelo corredor, no teu colo… O que não me vale é ainda não me terem deixado gatinhar e andar por esse mundo além... Eu, que estava mesmo quase, quase a andar por todo o lado sem cair nenhuma vez... Agora que parei os treinos, não sei como vai ser quando voltar... Vou ficar atrasado, com certeza! sexta-feira, 25 de março de 2011 Eu não vos tinha dito que de noite ia pensar numa maneira de me livrar das talas? Ora se bem o disse, bem o fiz! Não sou homem para desistir assim facilmente… De manhãzinha bem cedo, quando já entrava alguma luz pelo meu quarto a dentro, acordei e vi que a minha mãe estava a dormir. Perfeito! – pensei. E lá comecei eu a observar aquelas coisas que me deixavam os braços sempre esticados… Com uma mão, tentei alcançar a outra e consegui. Puxei para baixo a ver se aquilo saía, mas nada… Puxei um atilho que lá estava e zás, primeiro nó desatado! Depois foi só puxar mais um pouco, sempre com a ajuda da mão contrária, e pronto, livrei-me das talas! Com os braços livres, aproveitei para arrancar aquela ligadura infernal à volta da minha cabeça e do meu pescoço! (Missão cumprida!) Era, finalmente, um homem livre! Ah, que fresquinho… Depois de ultrapassar mais este desafio que esta gente me colocou, chamei pela minha mãe para mostrar-lhe que tinha finalmente conseguido. (Sabem, para ela ter orgulho de mim, que conseguira resolver sozinho este problema que me atormentava… ). Ela levantou-se para me ver e olhou para mim com uma cara – parecia que tinha visto um fantasma!!! Cruzes credo, eu todo contente pela minha nova conquista, e ela assim com ar de espantada. - Eu sei, mãe, eu sou um filho muito esperto, podes admitir! Sem perceber muito bem a reacção dela (que deve ter visto a minha cabeça rapada, e mais uns quantos pontos pela orelha acima), acendeu a luz num ápice e chamou a sra. enfermeira. - Ai, o terrorista! - disse ela, quando chegou ao quarto. Terrorista??? Primeiro chamam-me de talibã por causa do turbante à volta da cabeça, e agora que já não o tenho, ainda me chamam de “terrorista”?! Enfim… vá lá perceber-se esta gente crescida… A sra. enfermeira voltou a colocar-me um penso e uma ligadura à volta da cabeça… e tive que me contentar. Parece que não iam desistir… Mais tarde, o sr. Doutor veio ver-me e disse ao meu pai que ele tinha que me pôr, além das talas, umas meias nas mãos! - Olha, olha, mas quem é este para vir aqui dar ideias loucas aos meus pais? Depois, veio outro sr. Doutor ver “o caso”, conhecer o “terrorista” ao vivo. Levaram-me para o bloco operatório mais uma vez, anestesiaram-me de novo e quando acordei tinha um penso novo na cabeça e um atrapalho no pé, ligado a um fio. (Isto porque, na noite anterior, foram ver se eu tinha o cateter bem colocado e pumba, ele fugiu! Tentaram colocar-me outro mas eu dei tanta luta que todas as minhas veias fugiram a sete pés daquelas agulhas intrometidas! Não restou outra solução senão anestesiar-me de novo para colocarem o cateter!) Depois disso, dormi uma soneca imensa em cima da barriga do meu pai! Ah, soube-me tão bem! Mais tarde, recebemos uma visita surpresa. Imagem só quem veio ver-me? A tia Margarida, isso mesmo! Veio de Faro, de autocarro. Viajou um dia quase inteiro só para me ver… tão querida! E vai cá ficar até segunda-feira! Esta noite, o meu pai ficou comigo no Hospital e a minha mãe foi dormir para a pensão com a tia Margarida. quinta-feira, 24 de março de 2011
De manhã cedo, tive a visita de umas palhaças muito engraçadas que até me fizeram soltar umas gargalhadas! Gostei! J Os meus pais, já que não me deixam andar pelo chão, nem a andar nem a gatinhar, levaram-me para a sala de actividades onde tem muitos brinquedos. Tem uns muito fixes! À tarde, comecei a sentir uma comichão e um calor na cabeça. E, como qualquer pessoal normal, tentei tirar aquilo que me incomodava. Puxei aquele embrulho da cabeça mas os meus pais não me deixavam puxar. Fiquei muito aborrecido, pois em vez de me ajudarem a tirar aquilo da cabeça (o penso “turbante”), ainda me afastavam a mão. Levaram-me para a enfermaria e fizeram um reforço nas ligaduras. Em dois segundos, empurrei aquelas fitas adesivas novas para cima e pronto, já ficou mais fresquinho. Não gostaram do que fiz a voltei a ser enfaixado, desta vez até me passaram a fita pelo pescoço, a ver se eu não conseguia empurrar o curativo cabeça acima. - Ai sras. Enfermeiras, vocês não me conhecem… Umas horas depois, voltei ao ataque e ameacei tirar aquilo tudo outra vez. Reforçaram o meu penso tantas vezes, sem efeito, que depois lá veio uma senhora enfermeira com mais um desafio para mim: umas talas, para me colocar à volta dos braços, para não os conseguir dobrar e, por isso, não chegar com as minhas mãos à cabeça! Safados, não haviam de me arranjar mais nada para massacrar a paciência! Enfim, ainda não consegui por as mãos à cabeça… mas esta noite vou ver se arranjo maneira de tirar aquilo… Quando pensarem que estou a dormir, vão ver!… quarta-feira, 23 de março de 2011
Um dia depois da operação, já me deu vontade de sorrir e lá comecei a distribuir sorrisos pela casa. De manhã cedo recebi uma vizinha no meu quarto, a Kika, que veio ser operada a uma hérnia. Ela estava em jejum e não a deixaram comer nada. Tive pena dela pois sei muito bem isso o que é! Gostei da minha vizinha e gostei ainda mais da bisavó dela, que me fazia lembrar a minha bisavó Maria da Luz. Era uma querida: eu chamava e ela vinha fazer-me gracinhas! Durante o dia andei a enrolar os fios à minha volta – uma trabalheira para os meus pais! Às tantas, as sras. Enfermeiras viram que eu era um rapaz pouco sossegado e, como já me alimentava normalmente, tiraram-me aquele soro e só deixaram uma coisa na minha mão (o cateter). Esta noite já dormi bem melhor, apesar de não estar na minha caminha tão estimada. Hum… que saudades! |
Crónicas:
Como não podia deixar de ser, não sou eu (o Lucas) que escrevo. Eu vou ditando e a minha minha mãe vai escrevendo... (haha!) Outros blogues:
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