sexta-feira, 19/Nov/2010
Hoje, como já sabia que íamos embora da pensão, acordei 7h30. Acordei e acordei todos, já sabem como é. Arrumámos o resto das malas, tomámos e pequeno almoço, fomos ao Serviço de Acolhimento de Doentes e marcámos a nossa viagem de regresso para domingo à tarde. Em mais uma longa viagem, viajámos até Lisboa, onde almoçámos com a prima Vanessa. Hum, comi a sopinha quentinha, aquecida no microondas. Nada mau, para quem tinha andado a comer sopa quase fria! Ai, estas sopas compradas… Já tenho saudades da sopa da minha mamã! Depois do almoço, voltámos à estrada numa viagem de 3 horas até Faro, onde fui encontrar a minha tia Margarida e o tio Pedro. Que saudades eu já tinha deles! Bem, acho que já andei mais de carro nesta semana que em toda a minha vida! Uma vida de 8 meses e meio, fiquem a saber. quinta-feira, 18/Nov/2010 Hoje fomos ao Hospital tentar falar com o Sr. Doutor. Depois de alguma espera, lá conseguimos falar com ele. Marcou-nos exames para Janeiro e disse-nos que talvez fosse operado ainda nesse mês. Pelo menos ele ia tentar que assim fosse! Depois fomos ao Centro Auditivo Widex para me fazerem um aparelho para colocar nos ouvidos até à operação. Tiraram-me o molde e mais tarde dependuraram-me aquelas “próteses auditivas” atrás das orelhas. Que coisas chata! Nem é pesado nem nada, mas não estou acostumado com aquilo ali. Tentei logo tirar, e cheguei a conseguir, mas depressa voltaram a pôr-me. Não percebo para que é que aquilo, mas parece que não vão desistir e terei mesmo que andar a carregar os aparelhos. Ufa, foi um dia comprido, sempre fora de casa, mas os meus pais ficaram contentes pois ficaram despachados e já poderiam voltar para casa neste fim de semana. quarta-feira, 17/Nov/2010 Cedinho, voltei a acordar os meus papás, que agora não têm que se preocupar com despertadores. Fomos ao Hospital para o Sr. Doutor ver os meus exames mas ele não estava a dar consultas. Só no dia seguinte… Assim sendo, os meus papás decidiram então ir à Serra da Estrela, já que nesse dia não tinham nada marcado. E lá fomos nós, numa longa viagem que me deixou o “ cu quadrado”! Fora isso, vi muita coisa diferente da janela do carro, e sentado na minha cadeirinha prisioneira. Em Seia, parámos para almoçar. Os meus papás sentaram-me à mesa com eles e deram-me uma côdea de pão para “roer”. Ainda não tenho dentes à vista, mas as minhas gengivas são fortes e cá vão moendo umas coisas. Entretive-me com aquele pãozinho da serra enquanto os meus pais comiam uma “chanfana à serra” e uma “feijoada à moda da casa”. Pela cara deles, aquilo devia estar bonzinho. Mas não me deram nem um pouco a provar. Ah, pais gulosos! Quando íamos a sair do restaurante, mais uma cena que me deixa um pouco baralhado. A cozinheira, querendo meter conversa comigo, diz para o meu pai: “Ah, tem mesmo cara de MENINA!” Ao que o meu pai respondeu logo: “É um menino!” O meu pai parece que está farto destas confusões. Então os meninos já não podem ser bonitinhos? Ora esta! A minha mãe até acha piada e diz para o meu pai que quando me crescer a barba já ninguém faz confusão! Bem, depois do almoço, subimos, subimos, subimos… não fosse aquilo uma serra! Ainda vimos da janela alguma neve espalhada no canto da estrada, mas nem saímos à rua. Livra, estava muuuuuuuito frio! À tardinha, voltámos para a pensão, em mais uma longa viagem. No final do dia já estava cansado: não de trabalhar, mas de ficar o tempo quase todo sentado! terça-feira, 16/Nov/2010 Às 8 da manhã, dei sinal de que estava acordado. Fiz toda a gente se levantar e lá começámos o dia. Tomei o meu pequeno almoço e os meus pais logo a seguir. Eles tinham pensado em levar-me à Serra da Estrela, tendo em conta que o exame seria só à tarde, mas receberam um telefonema a perguntar a que horas eu tinha comido da última vez (gente curiosa, esta! A querer saber da minha vida…). Mas a minha mãe não se importou em responder e disse-lhes que tinha mamado às 8h. Então disseram que lá fosse fazer os tais exames às 12h30, pois tinham uma vaga para mais cedo. Não imaginava eu que iria ficar sem comer até àquela hora. Ai, gente cruel, que deixa um bebé sem comer por tanto tempo! Bem, às 13h decidi adormecer, já que comida nem vê-la! Um pouco depois, quando abri os olhos, já estava deitado e com uns senhores com cara de médicos a olharem para mim. Mesmo com sono, dei-lhes um sorriso. Já sabem como sou! Em todo o lugar se encontra gente traiçoeira, e eles não esperaram muito para, depois de sorrirem para mim, me colocarem uma máscara na cara, que eu tentei lamber! Pensei que era comida, o que é que querem? Qual comida, qual carapuça! Aquilo era antes uma anestesia que me pôs a dormir novamente. Não senti nada, mas lá me fizeram uma TAC e uma Ressonância Magnética. Quando acordei, com uma moleza desgraçada, estava deitado numa cama com os meus pais à minha frente. Fiquei contente por vê-los mas rabujei, pois agora queria a tão esperada comidinha. E ela lá veio, em forma de maminhas. Hum, que bom! segunda-feira, 15/Nov/2010 7 e meia da matina, dei o alarme na Casa Sagrada Família! Eram horas de se levantar. Lá nos levantámos todos, descemos para tomar o pequeno almoço e eu comecei logo a fazer amizade com senhoras simpáticas. “É menino ou menina?” – perguntavam todos. “É menino. É o Lucas.” – respondiam os meus papás. “É tão lindo!” – diziam. E eu ficava todo babado, e não era o único! Quando os meus pais tomaram o pequeno almoço, lá fomos para o Hospital dos Covões, seguindo as instruções do GPS no telemóvel do meu papá. Tínhamos consulta marcada para as 10h. Quando lá chegámos, um pouco antes, não perdi tempo, e mais uma vez comecei a sorrir para quase todos que me apareciam à frente. Eles sorriem para mim e eu retribuo, pois acho que fica bem da minha parte. Não há nada como ser simpático! Chegados à consulta, fomos atendidos pelo Dr. Luís Silva, que fez questão de confirmar aquilo que eu pretendia. Disse-me que eu era um simpático, um “bochechas” e um “giraço”, ainda por cima! Ah, fiquei nas nuvens com aqueles elogios todos! Os meus pais entregaram-lhe os exames e ele lá ficou a conhecer o meu “caso” – de surdez, pois claro. Apesar de desconfiar deste diagnóstico, não me deixou ir embora sem me marcar mais uns exames. Só não saberíamos quando os faria… Uma senhora falou numa lista de espera até Fevereiro e os meus pais ficaram um pouco tristes por terem viajado a Coimbra para uma única consulta. Enfim, mas lá se conformaram e voltámos todos para a pensão. Trouxemos connosco umas próteses auditivas que o senhor doutor nos deu, para que eu usasse entretanto. À tardinha, a minha mãe recebeu um telefonema do Hospital a informar que os exames estavam marcados para o dia seguinte às 17h30. Os meus papás ficaram logo mais contentes! domingo, 14//Nov/ 2010 Tal como vos tinha dito, hoje ia andar de avião pela primeira vez. Os meus pais levantaram-se cedo e nem precisaram de despertador pois eu, claro está, fiz questão de os acordar ainda antes da buzina tocar. Ainda não tinha saído de casa, recebi mais umas visitas inesperadas: a tia Noémia e a madrinha. O avozinho (o bisavô, diga-se), tinha ido outra vez ao Hospital por causa da doença pulmonar dele, e então elas estiveram a acompanhá-lo e já lá estavam cedinho. Entretanto, chegou o tio David, a tia Soraia e o tio Yuri, que me iam levar ao aeroporto. E lá fomos nós! Chegados ao aeroporto, despachámos para o porão as nossas quatro malas. Sim, quatro malas para uma semana! Até parece muito, mas não é… pois metade daquilo tudo é só para mim! Sou pequenino mas preciso de muita coisa, pensam o quê? Dissemos adeus ao tio David e à tia Soraia e subimos para o desembarque. O voo era às 10h mas estava muito nevoeiro na pista, tanto que não havia aviões a circular. Bem, e lá nos cancelaram o voo. Enquanto o meu pai tratava dos novos bilhetes, aproveitei para dormir uma soneca no meu carrinho, isto depois de ter andado às gargalhadas com uns estrangeiros simpáticos que por lá também esperavam pelo seu avião. Acordei e percebi que não valia a pena esperar mais no aeroporto, pois quando dei por mim estava dentro de um táxi a caminho de casa! Tinha razão: o voo fora remarcado para as 21h45! Ai a minha vida, que a essa hora já deveria estar andando de avião… vendo o que era essa coisa de “voar”. De volta a casa, almocei uma sopinha que a minha bisavó tinha feito… e que deliciosa! Depois passei lá a tarde com ela, com o bisavô, que está muito doentinho, e com mais uns tios e primos! À noitinha, apanhámos o táxi de volta ao aeroporto. Aproveitei para dormir nesta viagem, pois no avião queria estar bem acordado para ver tudo o que nunca tinha visto. Dito e feito! Passei a viagem de avião no ar, claro está, e com as antenas alerta, sorrindo para uma hospedeira simpática que por lá passava de vez em quando. A parte que menos gostei foi ter que ir sempre no colo, ora do meu pai, ora da minha mãe. E ainda por cima queriam que ficasse preso num cinto! Ah, mas eu dei-lhes a volta, literalmente, e em menos de um nada já estava livre daquela fita má. Lá mais para o fim da viagem, comecei sentir uma coisa chata nos ouvidos e lá tive que chorar, a ver se alguém me acudia! Não souberam fazer outra coisa senão meter-me uma chucha na boca! Ai, mas não era nada disso que eu queria, valha-me Deus! Enfim… o que me vale é que aquilo passou depressa e, quando aterrámos, recompus-me e comecei logo a distribuir uns sorrisos. Sim, não quero que pensem que sou um maldisposto! Acabada a viagem, que até gostei, aparte este incidente, o meu pai apanhou um carro e lá fomos nós numa longa viagem. Não me lembro de nada. Na verdade era de noite e eu passei a viagem a dormir, não estivesse já na minha hora! Faltou a banhoca, mas dei um desconto aos meus pais, pois no avião não havia chuveiro. Chegámos a Coimbra às 2h30 da manhã, com um frio de matar mortos. Eu nem senti muito, pois os meus pais agasalharam-me bem. E lá dormi mais um bocado, acordei a meio da noite a ver se me davam a banhoca em falta, mas qual quê! Deram-me de mamar e já foi bom! Deitaram-me e lá dormi outra vez até de manhãzinha. Ufa, que dia comprido foi este! |
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Como não podia deixar de ser, não sou eu (o Lucas) que escrevo. Eu vou ditando e a minha minha mãe vai escrevendo... (haha!) Outros blogues:
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