Tal como vos tinha dito, hoje ia andar de avião pela primeira vez.
Os meus pais levantaram-se cedo e nem precisaram de despertador pois eu, claro está, fiz questão de os acordar ainda antes da buzina tocar.
Ainda não tinha saído de casa, recebi mais umas visitas inesperadas: a tia Noémia e a madrinha. O avozinho (o bisavô, diga-se), tinha ido outra vez ao Hospital por causa da doença pulmonar dele, e então elas estiveram a acompanhá-lo e já lá estavam cedinho. Entretanto, chegou o tio David, a tia Soraia e o tio Yuri, que me iam levar ao aeroporto. E lá fomos nós!
Chegados ao aeroporto, despachámos para o porão as nossas quatro malas. Sim, quatro malas para uma semana! Até parece muito, mas não é… pois metade daquilo tudo é só para mim! Sou pequenino mas preciso de muita coisa, pensam o quê?
Dissemos adeus ao tio David e à tia Soraia e subimos para o desembarque. O voo era às 10h mas estava muito nevoeiro na pista, tanto que não havia aviões a circular. Bem, e lá nos cancelaram o voo. Enquanto o meu pai tratava dos novos bilhetes, aproveitei para dormir uma soneca no meu carrinho, isto depois de ter andado às gargalhadas com uns estrangeiros simpáticos que por lá também esperavam pelo seu avião.
Acordei e percebi que não valia a pena esperar mais no aeroporto, pois quando dei por mim estava dentro de um táxi a caminho de casa! Tinha razão: o voo fora remarcado para as 21h45! Ai a minha vida, que a essa hora já deveria estar andando de avião… vendo o que era essa coisa de “voar”.
De volta a casa, almocei uma sopinha que a minha bisavó tinha feito… e que deliciosa! Depois passei lá a tarde com ela, com o bisavô, que está muito doentinho, e com mais uns tios e primos!
À noitinha, apanhámos o táxi de volta ao aeroporto. Aproveitei para dormir nesta viagem, pois no avião queria estar bem acordado para ver tudo o que nunca tinha visto.
Dito e feito! Passei a viagem de avião no ar, claro está, e com as antenas alerta, sorrindo para uma hospedeira simpática que por lá passava de vez em quando.
A parte que menos gostei foi ter que ir sempre no colo, ora do meu pai, ora da minha mãe. E ainda por cima queriam que ficasse preso num cinto! Ah, mas eu dei-lhes a volta, literalmente, e em menos de um nada já estava livre daquela fita má.
Lá mais para o fim da viagem, comecei sentir uma coisa chata nos ouvidos e lá tive que chorar, a ver se alguém me acudia! Não souberam fazer outra coisa senão meter-me uma chucha na boca! Ai, mas não era nada disso que eu queria, valha-me Deus! Enfim… o que me vale é que aquilo passou depressa e, quando aterrámos, recompus-me e comecei logo a distribuir uns sorrisos. Sim, não quero que pensem que sou um maldisposto!
Acabada a viagem, que até gostei, aparte este incidente, o meu pai apanhou um carro e lá fomos nós numa longa viagem. Não me lembro de nada. Na verdade era de noite e eu passei a viagem a dormir, não estivesse já na minha hora! Faltou a banhoca, mas dei um desconto aos meus pais, pois no avião não havia chuveiro.
Chegámos a Coimbra às 2h30 da manhã, com um frio de matar mortos. Eu nem senti muito, pois os meus pais agasalharam-me bem. E lá dormi mais um bocado, acordei a meio da noite a ver se me davam a banhoca em falta, mas qual quê! Deram-me de mamar e já foi bom! Deitaram-me e lá dormi outra vez até de manhãzinha.
Ufa, que dia comprido foi este!