Levanto-me bem cedo (pelas 6h) porque não quero gastar a minha manhã toda a dormir. Preciso de brincar e por isso começo logo de madrugada. Tendo em conta a hora, levam-me para a sala (ora o meu pai, ora a minha mãe), deitam-se no sofá e eu fico por lá a brincar, ou a pular em cima deles, que tentam dormir mais um pouco. Entretanto, quando o despertador toca, eles levantam-se e, ainda a bocejar e com umas olheiras do tamanho da desarrumação, dizem: “Ai Lucas, espalhaste os brinquedos todos pela sala!”; “Ai Lucas, desmontaste o teu aparelho, onde está a bateria?”
Pelas 8h30, levam-me para a Creche ou para a Terapia da Fala, conforme o dia. Tenho imenso trabalho, quer num, quer noutro. Na creche, trabalho ainda com a Educadora do Ensino Especial. Ora digam-me lá se não trabalho bastante! O que me vale é que a Terapeuta J****, a Educadora G**** e a Educadora C******* são umas queridas e eu gosto muito de trabalhar com elas. Às vezes sou um bocadinho chato, mas depois faço um sorriso daqueles marotos e elas nem são capazes de ralhar comigo! Sou assim…
À tarde, fico com os meus avós ou com a minha mãe, e tenho que os ouvir a dizer a toda a hora: “não, não”, “ai, ai, ai”, “junta”, “arruma”… É muito chato, para não dizer maçador e cansativo! . Eu “apenas” trepo tudo, esvazio tudo, puxo tudo, desmonto tudo, experimento tudo, desafio tudo! Tiro a comida dos armários, descalço os sapatos, esvazio o carrinho da fruta, tiro fraldas do caixote do lixo, esvazio o cesto das molas, abro as torneiras do quintal. Subo para cima do banco para desligar o computador do meu pai, carregar nos botões da impressora ou, simplesmente e intermitentemente, abrir e fechar o leitor de CD do portátil da minha mãe. É uma aventura muito instrutiva, só os meus pais é que não percebem isso e andam atrás de mim como polícias. Vida de criança…
À hora do jantar, para finalizar, ando com umas manias (também tenho direito às minhas). Nem provo o jantar e já estou a fechar a boca e a reclamar que não quero comer. Os meus pais fazem uns malabarismos, depois desistem e afastam-me o prato da frente. Daí a pouco já quero… Num instante já estou a comer, no outro já estou a pedir que me deem outra coisa que entretanto vi na bancada, mesmo sem saber o que é. Isto de não se saber o que se quer cansa, não acham?
Falando de coisas melhores, já falo (lá está) mais umas palavrinhas. A minha lista é mais ou menos esta: mamã, papá, papa, dá, água, açã (maçã), sisi (xixi), cõcõ (cocó), aqui, táti (tá aqui), pão, sim, não, tenta (senta), abe (abre), nis (nariz), pápá (pato ou sapato)… e "ai,ai,ai" (pela força de tanto ouvir).
No próximo mês, volto a Coimbra, para matar saudades e não só. Até lá!